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Publicado em: 04 Março 2020

Docentes do P.PORTO a bordo do navio-escola Sagres

Viagem de 371 dias que reedita e comemora os 500 anos da circum-navegação de Magalhães, conta docentes do ISEP, escola de Engenharia do P.PORTO

O navio-escola Sagres (NRP Sagres), o mais condecorado da Marinha Portuguesa, partiu de Santa Apolónia, Lisboa, no passado mês de janeiro para uma viagem de 371 dias em que se propõe a reeditar a jornada circum-navegatória de Fernão de Magalhães nas comemorações dos seus 500 anos. O regresso só está previsto para janeiro de 2021.

Docentes e investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), escola de Engenharia do P.PORTO e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) integram a equipa de 20 cientistas a bordo. O principal objetivo é medir o campo elétrico atmosférico do planeta e recolher informação que não é atualizada há mais de 100 anos, tendo sido adquirida apenas pelo navio Carnegie, entre 1909 e 1920. Para além de dois sensores de campo elétrico colocados no mastro, o NRP Sagres tem um sensor de visibilidade, contador de iões, microcintilador (sensor de raios cósmicos), raios gama e GNSS.

Os investigadores desenvolveram, ainda, o towfish, um torpedo, rebocado pelo navio e que está instrumentado com diferentes sensores que permitem registar sons de alta frequência, condutividade, temperatura e profundidade (CTD), clorofila, turbidez, espectrómetro e oxigénio dissolvido na água. No final da viagem prevê-se que tenha sido coletado um volume de informação de 20 TB, que terá de ser processado pela equipa no que poderá estender-se por vários anos.

O INESC TEC ajudou a transformar o NRP Sagres numa espécie de laboratório flutuante com capacidade para estudar a eletricidade atmosférica, a saúde dos oceanos e os efeitos das alterações climáticas, o que acontece no âmbito do programa Space-Atmosphere-Ocean Interactions in the marine boundary Layer (SAIL).

Este projeto, liderado pelo INESC TEC, reúne uma equipa multidisciplinar, constituída por especialistas em robótica, engenharia oceanográfica, monitorização geofísica, gestão de informação, fotónica e biologia marinha do qual fazem ainda parte a Marinha Portuguesa, o AIR Center - Atlantic International Research Center, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), a Universidade do Minho, a Universidade de Reading (Reino Unido), a Universidade Federal do Paraná e o INESC P&D Brasil.

Em comunicado, o comandante do NRP Sagres desde agosto de 2017, Maurício Camilo, destaca que estas experiências científicas "pretendem render uma merecida homenagem à primeira cirum-navegação, que só foi possível graças ao conhecimento científico, em especial da astronomia e da náutica".

Assim sendo, e durante o próximo ano, o navio irá atracar em 22 portos de 19 países diferentes, prevendo-se que visite 12 cidades da Rede Mundial de Cidades Magalhânicas (RMCM). Um dos pontos altos será a escala em Tóquio durante os Jogos Olímpicos do Japão, no Verão, à semelhança do que já tinha acontecido no Rio de Janeiro quatro anos antes.

O navio-escola conta já com 82 anos ao serviço da Marinha Portuguesa (o ramo das Forças Armadas mais antigo do mundo, de acordo com bula papal) e fará agora a maior viagem em duração e distância e também a maior tirada: 32 dias a navegar, sem parar, entre o Taiti, na Polinésia Francesa, e Punta Arenas, no extremo sul do Chile, onde o NRP Sagres participará nas comemorações da descoberta do Estreito de Magalhães com o navio-escola espanhol Juan Sebastian Elcano, que leva o nome do comandante que terminou a cirum-navegação original, após a morte de Magalhães.

Fernão de Magalhães capitaneou cinco caravelas e 240 homens na expedição original que partiu, no final do ano de 1519, de Sevilha. Em abril de 1521, na região das Filipinas, o comandante português ao serviço da coroa espanhola morreria em confrontos com nativos. A viagem terminaria, já sob comando de Elcano, em setembro de 1522, apenas com uma caravela e 18 homens.

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