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Publicado em: 08 Janeiro 2021

Docente da ESE em estudo sobre "burnout" nos profissionais saúde

Carla Serrão da ESE, da escola de Educação do P.PORTO, coordena estudo que assinala uma forte percentagem de fisioterapeutas em "situação de exaustão física e fadiga psicológica"

Mais de 40% dos fisioterapeutas portugueses estão em situação de exaustão física e fadiga psicológica devido aos desafios colocados pela pandemia da COVID-19 em contexto de trabalho.

O número é avançado por um estudo de âmbito nacional, desenvolvido e coordenado por Carla Serrão da Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto e por  Ivone Duarte  da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto |  CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (FMUP/CINTESIS).

O objetivo deste trabalho inédito era avaliar o impacto da COVID-19 nos profissionais de saúde, avaliando o papel da resiliência na depressão, na ansiedade e no “burnout”.

Dos 511 fisioterapeutas que responderam ao questionário online em maio, 42% admitem estar em “burnout”, uma percentagem superior à de outros estudos nacionais e internacionais, que apontam para 10 a 30%.

Nesta amostra, 52% dos fisioterapeutas tratam doentes presencialmente, 35% estão em serviços de internamento e 18% trabalham diretamente com doentes infetados pelo SARS-CoV-2. Metade dos fisioterapeutas está a exercer atividade no setor privado.

O estudo que englobou mais de 2000 profissionais de saúde  (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, psicólogos) concluiu que mais de metade apresentava elevados níveis de "burnout" pessoal e "burnout" associado ao trabalho; 33% apresentava sintomatologia ansiosa, 29% sintomatologia depressiva e cerca de 37% apresentava sintomatologia associada ao stress.

Segundo Carla Serrão "estes resultados são indicativos de que a pandemia exacerbou alguns problemas ao nível da saúde mental, com particular impacto emocional nos profissionais de saúde que se encontravam na prestação direta de cuidados".

Para a investigadora, este contexto de pandemia constituiu um período de grande incerteza. "Durante a primeira vaga as exigências impostas aos profissionais de saúde foram intensas e o êxito dos resultados em matéria de saúde pública dependeram, em grande medida, do funcionamento adequado e eficaz destas equipas. Porém, estes resultados evidenciam o efeito de cumulativos fatores de stress, resultado da exposição a fatores biológicos, do prolongamento dos turnos de trabalho, da falta de recursos humanos e materiais, das responsabilidades e da necessidade de tomada de decisões."

"Estes resultados são alarmantes e exigem intervenção a diferentes níveis (prevenção primária, secundária e terciária), com cuidados diferenciados ao nível da saúde mental tendo em conta a intensidade e duração da sintomatologia", esclarece, alertando ainda que, uma vez que a resiliência psicológica se mostra como um fator de proteção ao "burnout", considera-se prioritária a intervenção neste domínio."

"As instituições de saúde devem oferecer aos profissionais programas de desenvolvimento de competências socioemocionais, de autocuidado, autocompaixão e de gestão de stress. A evidência científica permite destacar a utilidade das terapias cognitivo-comportamentais de terceira geração, nomeadamente, os programas baseados em Mindfulness, em resposta ao stress crónico, depressão e ansiedade."

Mestre em Psicologia da Saúde, doutorada em Psicologia, professora na Escola Superior de Educação do P.PORTO desde 2002, Carla Serrão é  Coordenadora do Curso Técnico Superior Profissional de Serviços e Tecnologias de Apoio Gerontológico. Como principais áreas de investigação desenvolvidas ao longo dos últimos anos salienta-se a Educação Sexual, Promoção da Saúde, Literacia em Saúde, Igualdade de Género,  Envelhecimento, Cuidados paliativos e em fim de vida.

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