A Árvore - Cooperativa de Actividades Artísticas C.R.L. encheu-se de figurinos, cores, maquetes e tecidos, que sozinhos, ausentes das personagens, palcos e luzes ganham uma outra dimensão. Outras dramaturgias, afirmou Manuela Bronze ; o estatuto de objeto artístico, acrescentou José Rosinhas da programação/direção da Árvore.
Patente até 25 de maio, a exposição Despidos de Contexto, Alguns Figurinos da ESMAE é uma iniciativa conjunta do Politécnico do Porto, do Departamento de Teatro da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), que no presente ano comemora 25 anos de existência, e da Cooperativa Árvore.
“Há uma vontade deste pelouro [da cultura] em externalizar a nossa produção cultural”, frisa Rui Ferreira, Vice-Presidente do Politécnico do Porto. “Quando falamos de transferência de conhecimento para a sociedade, falamos também de cultura artística, não apenas científica, como habitualmente associamos. O Politécnico do Porto têm múltiplas valências no domínio cultural, e em breve" - adverte - "teremos mais novidades".
José Rosinhas enfatiza a colaboração entre as duas entidades, “a primeira de muitas, estou certo”, esperando que esta seja também uma oportunidade de dar a conhecer este espaço histórico da cidade (já com 53 anos) a outras gerações, neste caso particular, aos estudantes do P.PORTO.
Distribuída por três salas, e com curadoria de Manuela Bronze, artista plástica, figurinista e docente do Departamento de Teatro da ESMAE, a exposição Despidos de Contextos apresenta o objeto-figurino, ausente do seu sentido convencional — o palco — e resgatado dos guarda-roupas da ESMAE. “Um figurino fora do palco é um metafigurino”, explica Manuela Bronze, “uma outra categoria que lhes outorga o estatuto de objeto artístico, que é possível evocar, usufruir e sugerir novos sentidos".
Para a curadora/criadora este é o desafio proposto: encontrar novas “personagens”, narrativas e dramaturgias que os figurinos ganham fora do contexto do palco, da luz dos projetores, personagens, épocas e encenações. Deixam de ser a forma que partilhou outrora o corpo do ator para uma fisicalidade, que embora concretizada em texturas justapostas, volumes e combinações muitas vezes improváveis, tem ainda uma presença que evoca o teatro.
O desafio está feito: até 25 de maio o público pode agora aceder ao que anteriormente foi apenas privilégio e preocupação do figurinista — as formas que partilharam a pele de personagens, agora estruturadas por manequins inertes. Formas despidas de contextos e, porque não, personagens à procura de um autor.