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Publicado em: 04 Maio 2021

Espaço Alumni | Ianina Khmelik

Da Rússia com amor (à música), a violinista Ianina Khmelik é alumni da ESMAE, escola de Artes do Politécnico do Porto

Ianina Khmeli, violinista e cantautora, conta com várias colaborações na música pop e rock nacional e é igualmente atriz.

Nascida a 9 de março de 1983 em Moscovo, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, hoje capital da Rússia, iniciou os seus estudos musicais aos cinco anos na Escola de Música n.º 49 da sua cidade e mais tarde ingressou na Escola Profissional de Música Gnessin, na classe de L. Shevrekuko, em que aos oito anos fez a sua primeira tournée com a Gnessin Virtuosos Orchestra. Ganhou, em 1995, o 2.º Prémio no Concurso para Jovens Músicos de Moscovo e, no ano seguinte, foi estudar para a Holdstadt Schulle em Schlewig-Holstein, na Alemanha.

Foi num desses tours, em Espanha, que teve, pela primeira vez contacto com portugueses. "Ouvi alguém a falar comigo numa língua que me parecia russo, mas da qual eu não entendia nada. Houve ali um click qualquer. Só depois é que percebi que era português.” Mal imaginaria que passado uns anos Portugal seria a sua casa.

Acompanhou a Perestroika com os olhos de uma menina de 4/5 anos. Viveu os acontecimentos e mudanças políticas bastante de perto, uma vez que a família estava ligada ao governo da Rússia. A instabilidade política do país em guerra com a Chechénia, dos atentados muito perto de casa, decidiram-na e saiu do país.

Com apenas 15 anos e um tutor russo como contacto, mudou-se para Portugal, primeira paragem em Espinho. Continuou então a tocar violino – e piano, como segundo instrumento – na Escola Profissional de Música de Espinho. Cresceu, mudou-se para o Porto e fez o curso na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo (ESMAE), na classe de Zofia Wóycicka, terminando a Licenciatura em Violino em 2006. Foram anos felizes: "Aprendi imenso, não só nas aulas de instrumento e música de câmara, que eram maravilhosas, mas também nas aulas de Estética, e Metodologia Científica. Adorava essas disciplinas, os professores eram maravilhosos!" - afirma com entusiasmo.

Tem excelentes recordações sobretudo das pessoas com quem estudava. "Éramos bastante unidos, uma boa turma" - afirma -  "lembro-me que ficava sempre absolutamente espantada com as aulas da Estética do Professor Miguel Ribeiro Pereira, falávamos da matéria e não só, falávamos de tudo. As aulas eram realmente importantes para a expansão da cultura geral.  Adorava cumprimentar a Dona Irene e passar um sábado ou um domingo a estudar numa das salas do edifício. Foram tempos muito felizes."

Seguiram-se anos de trabalho com o agrupamento de música contemporânea da Casa da Música, intitulado Remix Ensemble, e logo depois ingressou na Orquestra Sinfónica do Porto, onde é atualmente 1.º Violino.

Ianina Khmelik ficou conhecida também pela sua participação no grupo portuense As 3 Marias, com o qual editou três trabalhos: Quase A Primeira Vez (2009), Bipolar (2013) e Depois (2017), este último com produção de Nuno Gonçalves, elemento do grupo The Gift. Com elas deu inúmeros concertos por várias salas de espetáculos por todo o país, com um projeto inovador que juntava o tango, o flamenco e as raízes da música portuguesa, sendo que o último disco teve também uma vertente mais eletrónica.

A partir de 2018 iniciou um projeto em nome próprio de música eletrónica, assinando com o nome de IAN. Nesse ano lançou dois EPs, intitulados #1 e #2, em que contava com cinco temas todos em inglês. Em 2019 foi a vez do single Boarding Now e neste ano fez também uma digressão pelo México, onde começou a apresentar temas seus. O seu projeto musical junta a música eletrónica, ao trip hop, ao hip hop e ao pop, apesar de ter uma grande presença de instrumentos da música clássica com o piano acústico e o violino, fruto das suas vivências nesse género musical.

Em agosto de 2020 surgiu o seu primeiro trabalho, intitulado RaiVera, apresentado no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. É um disco eletrónico com nove faixas, cantando em três línguas: português, inglês e alemão. Para IAN, este disco representa um percurso autobiográfico, focado nas ideias de liberdade e desafio. Em russo Rai significa Paraíso, enquanto Vera significa . Nos seus concertos a cantora não canta só, também dá uso a técnicas de representação que aprendeu quando estudava teatro. Para ela o seu concerto é um espetáculo multidisciplinar, muito performativo.

Hoje afirma sentir-se feliz e tranquila em Portugal: "Uma tranquilidade que dá tempo à criação, à agitação, ao desenvolvimento. Infelizmente o meu país ainda não conseguiu sacudir dos seus ombros a ditadura e isso entristece-me imenso... A viver em Portugal há mais de duas décadas, considero sim Portugal a minha casa, o meu país e orgulho-me disso."

Nós também nos orgulhamos da Ianina.
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