Chamam-se North Space e são uma equipa transversal de estudantes do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), da FEUP, da FCUP e da Universidade de Aveiro. Nenhum deles é de Engenharia Aeroespacial, mas todos partilham o mesmo sonho do espaço, por isso uniram competências, que vão das engenharias Mecânica e Eletrotécnica à Física, e conceberam o SPATI-I.
João Coutinho, estudante do ISEP, fundador e vice-presidente desta associação juvenil, composta por 27 membros, encara o projeto como "uma real possibilidade de participar em projetos relacionados com a dimensão aeroespacial", mesmo não sendo estudantes da área. A equipa é composta por "muitas valências diferentes, sendo esse o propósito deste projeto".
O rocket SPATI-I teve a sua estreia na quarta edição do European Rocketry Challenge (EuRoC), um concurso europeu de lançamento de foguetões, este ano realizado em Constância, que contou com 19 equipas e cerca de 600 estudantes de 14 países.
"Sentimos que já possuíamos equipa suficiente para encarar este desafio e lançámo-nos!", explica João Barbot, "em três meses passámos do desenho final ao produto."
E se inicialmente as portas não estavam propriamente abertas a estes visionários, foi esta competição que lhes deu o impulso e o financiamentos necessários, como nos explica o presidente da associação. "Mal fomos aceites no EuRoc as estrelas alinharam-se e arranjámos o apoio financeiro necessário para a concretização do projeto. Fizemos um GoFundMe, que obteve muito sucesso, e estabelecemos parcerias valiosas com empresas."
Completado com sucesso todo o design estrutural interior e exterior do foguetão, estudada a sua performance através de simulações computacionais, bem como o planeamento do sistema de recovery mediante testes de ejeção dos paraquedas, o SPATI voou — e eles também.
“Eu acredito que qualquer pessoa consegue aprender o que quiser”, afirma João Barbot, destacando todas as ferramentas online que, hoje em dia, temos disponíveis. "Honestamente, acho que basta a curiosidade, o interesse, a vontade de aprender e a vontade de resolver problemas para estes projetos serem possíveis."
Foram três meses para passar do design ao produto, três noites para o construir, 30 minutos para o pintar e uma meta de três quilómetros. Chegou aos 840 metros, mas vai voar novamente, assevera João Coutinho. "Queremos, no futuro desenvolver novas tecnologias, passar de propulsão sólida à propulsão líquida, tentar desenvolver os nossos próprios sistemas e computadores de bordo, possibilitar as experiências científicas dos nossos estudantes e testar as várias valências. Vamos tentar que o projeto SPATI renda o mais possível e voe o mais alto possível."
Os North Space são um exemplo do espírito de criatividade, resiliência e inovação que anima o ADN do P.PORTO. A equipa está orgulhosa e nós também.
Power/ON é uma rubrica que divulga projetos de inovação e de empreendedorismo no P.PORTO
