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Publicado em: 06 Dezembro 2019

A era digital “mata” o contabilista?

Artigo de opinião de Sérgio Carmelo, professor da ESTG, escola de Tecnologia e Gestão do Politécnico do Porto

No meio contabilístico, em particular nos círculos da contabilidade em que me movimento, tenho vindo a sentir o receio crescente do “bicho papão” de que a digitalização, neste âmbito, a informatização crescente e cada vez mais desenvolvida das tarefas contabilísticas a que assistimos no tempo presente, e principalmente antecipamos para o futuro, acabará por condenar ao desaparecimento a profissão de contabilista, por esvaziamento do seu papel. Longe da verdade, na minha modesta opinião!

De facto, a era digital está já, e influenciará no futuro próximo com ainda maior intensidade, a mudança do paradigma associado à profissão de contabilista. Da visão clássica do papel do profissional afundado em papéis, limitado e pressionado muitas vezes pelo tempo, à mera organização de documentação e ao registo contabilístico, com muito pouco tempo para tarefas mais nobres de valorização do seu trabalho, caminharemos inexoravelmente para a libertação do profissional dessas tarefas rotineiras que serão executadas pelas máquinas, exigindo-lhe intervenção em tarefas de maior valor acrescentado para os utentes da contabilidade. 

Novas tarefas serão atribuídas, ou melhor dizendo, exigidas, ao contabilista. Tarefas essas em que se valorizará a preparação de informação adequada às necessidades dos diferentes destinatários. Note-se que já hoje, por exemplo a Autoridade Tributária, exige cada vez mais a intervenção do contabilista, na preparação e prestação da mais diversa informação. Na mesma linha, também a segurança social, as entidades gestoras de incentivos às empresas, os financiadores, os investidores e máxime a gestão das próprias entidades. Antecipa-se um futuro, de ainda maior exigência!

O que se esperará do contabilista é que seja cada vez menos um mero processador de informação, muitas vezes com reduzido valor para a tomada de decisões, e evolua para o planeamento, supervisão e controlo de todo o processo contabilístico, prevendo cenários, antecipando problemas, aconselhando caminhos a seguir e procedimentos a implementar. Espera-se que acrescente valor ao seu trabalho! Mas isto não será já invadir o campo de trabalho dos gestores!? Penso que não! Existirá espaço para que contabilistas e gestores continuem a coexistir!   

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