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Publicado em: 18 Julho 2019

Processo de internacionalização: explorar ou rentabilizar?

Artigo de opinião de Carina Silva, docente da ESTG, escola de Tecnologia e Gestão do P.PORTO

Os apelos dirigidos aos empresários portugueses para saírem da sua zona de conforto e atravessarem a fronteira nacional são mais que muitos e, não raras vezes, a internacionalização é apresentada como um dos principais impulsionadores para a recuperação da economia nacional. Na verdade, são sobejamente apregoados os benefícios que um processo de internacionalização (desde que bem planeado) traz às empresas oriundas de mercados estreitos e saturados, como é o caso português.

As mudanças na economia têm acelerado e a duração das operações internacionais tendem a diminuir. A rapidez de resposta é a palavra de ordem. A redução do ciclo de vida dos produtos/serviços ou a crescente inconstância e exigência do consumidor forçam reações rápidas e proativas por parte das empresas. Se juntarmos à equação, a carência de experiência, habilidades e conhecimentos dos mercados internacionais, essencialmente pelas pequenas e médias empresas (PME), o processo de tomada de decisão relativo a alocação de recursos, normalmente insuficientes, adivinha-se bastante dificultado.

Em contexto internacional, as empresas devem privilegiar a alocação dos recursos disponíveis à exploração de novas atividades ou à rentabilização das atividades existentes? Sobre este tópico, a literatura apresenta duas perspetivas distintas, mas complementares. Enquanto algumas empresas melhoram o seu desempenho aproveitando novas oportunidades, isto é, desenvolvendo novos produtos e/ou serviços, investindo em novos mercados e angariando novos clientes; outras optam por reforçar os recursos para as atividades que atualmente geram valor. No entanto, o sucesso de longo prazo está associado à combinação de ambas as atividades (ambidestria organizacional), exigindo que as empresas rentabilizem as atividades atuais enquanto exploram, simultaneamente, novas habilidades. Algo aparentemente fácil que no dia-a-dia da empresa pode revelar-se bastante complexo, uma vez que são lógicas, recursos e pressões por resultados bastante diferentes.

Existe, então, uma combinação ótima que garanta um bom desempenho nos mercados internacionais? Não, não existem fórmulas mágicas válidas para todos os casos — as empresas, assim como as pessoas que as compõem, são singulares. Evidência disso mesmo é a panóplia de fatores (individuais, organizacionais e contextuais/ambientais) que determinam a atividade da empresa em contexto internacional, demonstrando que podem existir tantos tipos de processos de internacionalização quanto o número de empresas internacionalizadas.

A capacidade (necessidade!) de adaptação, flexibilidade, resiliência, trabalho e dedicação são alguns dos fatores-chave que permitem alcançar ou sustentar uma vantagem competitiva num mercado cada vez mais global e competitivo. No entanto, não podemos esquecer que a internacionalização do ponto de vista estratégico, é uma opção. É importante entender que a internacionalização pode, pelo menos no imediato, não ser a melhor opção. É necessário conhecimento, estrutura organizacional, liderança e estratégia que sustentem os vários desafios que um processo de internacionalização certamente acarreta.

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