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Publicado em: 09 Março 2018

Mulher

Artigo de opinião da Presidente do Politécnico do Porto.

Nascer mulher continua a ser um fator de risco acrescido na maior parte do Mundo. O Livro Negro da Condição das Mulheres [C. Ockrent (dir.), S. Treiner (coord.) Paris, XO Éditions, 2006] traz-nos de forma simples e abrangente a realidade da violação dos direitos humanos em vários locais do Mundo e como a sua transgressão se concretiza, de modo atroz, sobre as mulheres: o infanticídio de meninas na Índia, Paquistão, China...; o feminicídio no México e na Guatemala; a excisão do clitóris, o estupro como prática banal ou arma de guerra, o tráfico humano onde o trabalho escravo e a prostituição alimentam um negócio em expansão, o turismo sexual e exploração de crianças e adolescentes.

São crimes filhos da pobreza, da guerra, da ignorância, da ausência de dignidade e de voz da massa paralisada das vítimas, do silêncio do Mundo.

Mas, mesmo nas sociedades "mais evoluídas", a desigualdade sobre as mulheres é notória no que concerne ao menor valor atribuído ao seu trabalho, a sua menor representatividade social e à tragédia da violência doméstica.

Segundo dados do Eurostat, Portugal apresentava, em 2015, uma diferenciação salarial, por sexos, de 17,8%, encontrando-se, assim, no grupo dos países com valores de desigualdade salarial superior à média da UE28 (16,3%). O Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EU27), revela que Portugal é o sexto país com maior índice de desigualdade (41,3). Na distribuição do tempo livre registamos os piores resultados, com uma igualdade de 22,4 (as mulheres assumem 80% das tarefas domésticas, os homens 20%). As mulheres estão sub-representadas nas áreas de gestão e em cargos de decisão, onde os níveis salariais são mais altos (relatório anual sobre o Progresso da Igualdade entre Mulheres e Homens no Trabalho, 2016). E são as mulheres que dedicam mais tempo às tarefas domésticas e à prestação de cuidados a menores e a pessoas dependentes, quem mais sente as implicações das responsabilidades parentais no emprego. O nascimento dos filhos "constitui muitas vezes um ponto decisivo no qual se definem ou reforçam assimetrias de género" (inquérito nacional aos Usos do Tempo de Homens e de Mulheres, 2015).

E há zonas de sombra que atravessam as vidas das mulheres e atestam de forma dramática a visão de subordinação que têm de si mesmas. Significativamente, 70% mulheres portuguesas são de opinião de que as tarefas domésticas, realizadas por si, correspondem ao que é justo, perceção que cresce nos homens para 75,6%.

Tanto por fazer...


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