Uma ópera arrasada pelo terramoto de 1755 e um teatro transformado em cinema erótico no pós-25 de abril. Entre estas datas emblemáticas da história portuguesa, dois gémeos e duas famílias (os Ricci e os Paupérios) atravessam épocas, cruzam-se, encontram-se e desencontram-se numa versão muito particular e contemporânea da opera-buffa.
1755 seguido de o Tio Mário Vai ao Cinema tem como mote um desafio lançado pela direção da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) aos departamentos de teatro e música: um espetáculo transversal às diferentes valências e talentos da escola.
“É um espetáculo inédito na ESMAE”, refere Jorge Louraço, autor do libreto, dramaturgo e coordenador da pós-graduação em Dramaturgia e Argumento. Um repto lançado há dois anos e que se concretizou num esforço único, concertado entre os dois departamentos (e a pós-graduação em Ópera).
Tendo sempre como cenário um teatro, às vezes destruído, outras vezes transformado (e adulterado da sua função original), o autor joga com uma trama engenhosa de duas famílias, as suas raízes e afinidades surpreendentes: “no fundo é dos dois departamentos que falamos”, esclarece.
O resultado, conclui, é uma ópera híbrida, “nem sempre buffa, nem sempre cómica, consequência dos vários estilos de composição. Cada ato corresponde a um género e às características do próprio compositor".
Jorge Louraço avança ainda que que esta é uma primeira etapa da história dos Ricci e Paupério. O espetáculo final tem quatro atos e será apresentado integralmente no próximo ano, "com mais duas épocas e dois teatros, um deles transformado em campo de refugiados”.
Com encenação de António Durães, e composição de Telmo Marques e Carlos Azevedo, 1755 seguido de o Tio Mário Vai ao Cinema é apresentado de 3 a 5 de maio no Teatro Helena Sá e Costa.
Para o ano há mais!
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