Estamos a bordo de uma das maiores revoluções da história humana. A aventura da "Indústria 4.0" entrou definitivamente no ambiente de negócios e processos de industrialização e inovação; está na agenda política, na modernização, pelo digital, de todas as esferas do Estado e, de modo crítico, na missão e responsabilidade dos sistemas educativos; infiltrou-se no nosso quotidiano onde o domínio das competências digitais é condição de acesso a procedimentos básicos como inscrever-se numa plataforma de serviços.
A vaga tecnológica (T-Wave) não é só intensa, é, também, disruptiva. Os novos conceitos e tecnologias onde se alavanca não estão na continuidade da galáxia de Gutenberg - o mundo da imprensa escrita - onde gerações alicerçaram não só o seu modelo de acesso e construção do conhecimento, como uma visão do Mundo, um modo de estar e ser. A constelação digital não é unilinear: opera através do intertexto, ou seja, de ligações dinâmicas, interativas, que se desmultiplicam infinitamente em conexões numa teia global, como a teia que caracteriza a Internet. Há, obviamente, um choque disruptivo entre estas duas formas de gerir a informação, de pensar e estar no Mundo, vividas por muita gente. Muitos estão entalados na fronteira entre estes dois mundos; outros nasceram já no novo e outros não sabem da sua existência, ou não possuem meios para entrar nele. Este desnível é hoje um problema social grave: fonte de exclusão e frustração de setores da população; arrogância cega de outros que, presos no deslumbre da técnica, não discutem princípios éticos. Não discutem sequer o significado da mudança e do desenvolvimento que a mesma serve.
Mas o cunho disruptivo da T-Wave é ainda mais complexo: move-se na plasticidade própria da combinação de várias tecnologias. Os mais recentes desenvolvimentos na inteligência artificial, na nanotecnologia, ou na impressão 3D mostram-nos uma rede de interligações que transcende a tradicional compartimentação de áreas científicas e linguagens.
Estimativas indicam-nos que 90% dos empregos futuros na Europa requerem competências digitais e a sua não existência criará em 2020 cerca de 825 mil vagas de emprego por preencher.
O desafio passa pela formação, mediando a transformação das profissões e tipos de trabalho para uma cultura de base digital. Mas não basta. É preciso formar pessoas: gente que pense para além da urgência do clique, da pressão política do momento, do interesse presente, que não esqueça as pessoas e o seu futuro.
link para o jn