Uma pequena companhia e um empresário pouco conhecido preparam a produção de um espectáculo de ópera, para o qual não têm orçamento. Porque as grandes estrelas, os nomes mais cintilantes do canto lírico luso, são proibitivos, porque nem o cachet é atraente, nem o nome do empresário sedutor, têm de voltar-se para outras possibilidades canoras, abrindo espaço à chegada de outros seres cantantes.
A ópera é exigente: Mozart; Cosi fan Tutte (em português "Assim fazem todos"). Coisa fina, de fino recorte lírico. Os cantores, são criaturas à procura de salvação para as suas vidas pequenas. Pela música, pois! Pela ópera: pelo espetáculo dos espetáculos! A oportunidade é única. Chegam de todas as partes do mundo: do Canadá, o emigrante saudoso; da Amadora os irmãos rappers gagos; de Santa Maria da Feira e do mundo da pop miserável, a frustrada lady gaga da portugalidade; de Cabeceiras, a velha cantora reformada que nunca chegou a estrear; de Rio Tinto a filha talentosa que a mãe agencia; de Gondomar, o cantor gago; a cantora rural; e todos os outros tantos.
Uma coisa é certa: se o desesperado empresário está disposto a ceder no elenco para levar a termo o seu empreendimento, não cede nos conteúdos: Mozart será sempre a referência. Quem entra na grande ópera?
Estão inauguradas as audições.
A Audição
Este espectáculo, apresentado agora na sua versão integral, foi parcialmente apresentado na Gala do 32.º Aniversário do P.PORTO.
miguel.carvalho@sc.ipp.pt
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